Curiosidades

Acidificação Oceânica 

16 de abril de 2024

Você já ouviu falar em acidificação oceânica? Esse é um assunto muito importante tendo em vista os riscos impostos à vida marinha.

O que é acidificação dos oceanos?

Antes de falar de acidificação oceânica, precisamos compreender alguns conceitos associados. O primeiro deles é pH o qual corresponde ao potencial hidrogeniônico de uma solução. Ele é determinado pela concentração de íons de hidrogênio (H+) e serve para medir o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de determinada solução. É medido em uma escala logarítmica que varia entre 0 e 14,0. Dessa forma, quando uma solução tem pH igual a 7, seu pH é básico; pH maior do que 7 indica uma solução alcalina (básica) e menor do que 7, ácida.

Outro conceito importante é a dissolução do dióxido de carbono (CO2) atmosférico nos oceanos. Desde a Revolução Industrial, houve um aumento acelerado da concentração de CO2 na atmosfera, gerando o conhecido Efeito Estufa. Estima-se que os oceanos absorveram cerca de um terço do dióxido de carbono emitido pelas atividades humanas. Se por um lado, isso retarda o aquecimento do clima, por outro, a dissolução em excesso do CO2 na água do mar eleva a acidez da água, levando à acidificação dos oceanos.

Atualmente, o pH do oceano é, em torno, de 8,1: 0,1 a menos do que o valor estimado para a era pré-industrial. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, uma mudança de 0,1 no pH equivale a um aumento de 30% na acidez tendo em vista a escala logarítmica adotada para esse parâmetro. No ritmo atual, projeções indicam que o pH pode alcançar 7,8 até o final desse século.

Quais são os riscos associados à acidificação?

Em concentrações normais, o CO2 dissolvido na água do mar é utilizado pelo fitoplâncton no processo de fotossíntese, mantendo o pH dentro dos padrões naturais. Quando em excesso, ocorre uma reação química que produz um ácido, denominado ácido carbônico (H2CO3). Devido a sua alta instabilidade, esse ácido libera íons de hidrogênio os quais são os responsáveis pela elevação da acidez, i.e., diminuição do pH.

A formação em excesso de H2CO3 consome os estoques de carbonato de cálcio (CaCO3), molécula crucial para indivíduos calcificadores como, moluscos, equinodermos, corais e uma variedades de algas, os quais produzem seus esqueletos e conchas a partir de CaCO3. Para esses organismos, será cada vez mais difícil manter suas conchas calcificadas e, em condições de baixa saturação do carbonato, a água se tornará corrosiva a estes minerais. Portanto, a acidificação dos oceanos pode afetar a reprodução, fisiologia e distribuição geográfica desses indivíduos.

Cabe ressaltar que há vários esforços de pesquisas ao redor do mundo que estudam os impactos da acidificação no meio marinho. Esses estudos indicam que a gama de impactos provocados na biota pela acidificação dos oceanos é bem mais complexa e extensa do que se imaginava. Por exemplo: hoje, sabe-se que elevados níveis de CO2 afetam as respostas sensoriais de peixes, ameaçando a sobrevivência dos mesmos.

Todos nós podemos ajudar a minimizar esse problema!

Em termos globais, a sociedade precisa reduzir a emissão de CO2, proveniente da atividade antrópica, para atmosfera. Persistir com a transição energética e com a descarbonização é fundamental para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, compromissos assinados por centenas de países no Acordo de Paris.

Nesse sentido, ações individuais também podem contribuir, gerando mudanças de hábitos. Que tal identificar aquelas atividades geradoras de gases de efeito estufa que executamos e alterá-las? Seja deixando seu veículo a gasolina na garagem, pressionando por transporte público de qualidade ou realizando compras conscientes, todos podemos contribuir para alterar o cenário atual e sinalizar para nossos gestores que mudanças são desejadas pelos cidadãos.

Sua lista